A custa de
que dor minhas palavras machucassem como
Um solo
lascado de Hendrix,
A custa de que
tarde deflagrada de solar impudicícia,
Minhas palavras rasgassem-se terremotas,
Minhas palavras rasgassem-se terremotas,
Em troca de
que pier estourado de lua.
Flutuam como
uma borboleta violeta
Ou a fenícia
púrpura dos sonhos e dos comércio das rotas,
Nuvens de
passagem e os olhos da amada brilhados de cedros,
Para sorrir
no mar mais difícil:
Ser chamado
de louco pelos corajosos,
Imprudente pelos
razoáveis.
Inclementes,
os astros conjuram para a rota dos desassossegados
E juro, puro mar
e mar, que a proa traz-te ânforas
Com óleo e
mel e pistaches
Pelas cristas
das ondas formadas em jóias de corais marujos
E pérolas encaracoladas,
E o tempo do
mar é tão outro,
Tão
antepassado.
Trago-te o
alfabeto, as rotas marítimas lidas nas cartas celestes,
Tantas conchas
pisadas
Merlins devolvidos
ao mar
Dialetos misturados
e gestos nos mercados de trocas
Naus nuas contra as ondas como gigantes de pétalas.
Trago-te mouras de pele de algas e carmim para a troca:
– “Seu lar vindouro mais belo …
A moura quer
amar seu homem e esse homem,
Acaso, poderia
ser você!”
E o mar sabe
acariciar os homens de jornadas
E encontrar
nos alvos fáceis de suas próprias injúrias
Convencendo os
cascos das embarcações
Que dele são
mais furiosos os amores e dores.
O mar é
sempre o primeiro a chegar …
E amar de
verdade é só para quem já perdeu.
E cultivar de
verdade é só para quem já naufragou.
E a religião
é o mar batido e violento
Fazendo do
vento os olhos em velocidade
Em que os
grandes encontram desapego na aventura
Livrando-se
das roupas da circunstância para serem
Verdadeiros e unos
Para chegar
novamente à terra com as pernas bambas de tormentas
Sorrir o
novo crepúsculo sangrento
Que caminha todos os pavimentos de luz até
que cheguem
As estrelas ...
As estrelas ...
E meu
coração tem cheiro de chuva que vem,
Apoiando-se na lua bumerangue que traça o pátio,
Seus canteiros,
A repentina alfazema,
A repentina alfazema,
Rebenta o
mar na desordem da costa.
E para
navegar tem que se fazer delgado
A custa de
mercadejar ao quatro ventos,
Beijando,
amada, a morena com olhar sujo de prata
Repousando nela
um pouco da inquietação,
Que para
tecer o menino,
O homem
inabitável trama às suas, as pernas da mulher;
E nesse
bailado é que caminha o mar pelo mundo,
Abrindo-se
em portas e castigos
Defumando areias
com sua salmoura
Tramando o
diamante líquido das águas-vivas
Berilando as
linhas das costas contra a vegetação
Perpétuo ir
e vir para que o homem saiba-se apenas breve suspiro.
O mar é
sempre o primeiro a chegar.
As rotas
estão escritas há muito.
As constelações
sempre.
A mulher
que me ficou na distância dos mares ensinou-me
Os olhos tristes e fortes.
Os olhos tristes e fortes.
Um Fenício
já nasceu com todos os ventos.
13/jun/2013
A. Nassaralla
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