Sou poeta.
O máximo que
posso fazer
é te causar
um pequeno desconforto.
Mas se eu
começar a incomodar
você paga
para me difamar ou me matar.
Sou poeta
e você é o
dono do mundo.
Sou poeta.
Sou nada
para você.
É você quem
me empurra sua cultura goela abaixo.
É você quem
me empurra suas notícias todos os dias.
É você quem fabrica
guerras para vender morte.
Sou apenas
um poeta,
fabricador de
ideias, palavras e sonhos e outonos flamejantes.
Para você,
sou nada.
Poeta é o
perdedor que foge da vida, foge da luta, não é mesmo?
Mas da sua
luta,
que oprime e
bombardeia um povo,
isso mesmo,
vulnerável
e cheio de vida,
um povo que merece
ser
explodido só por que vive em cima de petróleo,
nessa luta,
o poeta de verdade,
vai apenas
usar a palavra,
sua mais
vigorosa arma,
palavra que
também pode fazer
sangrar,
palavra-espadachim,
palavra-AK
47,
palavra-resistência
que o poeta
usa para te apontar:
– Covarde,
mercenário,
você é o
dono do mundo …
Álvaro Nassaralla /2011