quinta-feira, 20 de junho de 2013

Acima da oliveira


Detrás à oliveira,
parte a lua ladra
com a orvalhada tocada de almíscar
fazendo a honras da noite
debruçando por sobre onde, até pouco
reinava a tarde cor de azeite e, depois,
o mar de céus que pareciam nunca querer parar mais de morrer...
Agora restam anjos, o negrume lantejoulado de estrelas, você e a lua por romã derreada

Para ser sincero,
o dia que se aposentou manso e calado
abriu caminho, berberando para a busca de
cavalos negros selvagens que permaneçam livres
mesmo que para isso tenham de correr para dentro do vácuo dos penhascos;
assim também para as odaliscas em forma de sangue cristalizado

A lua
por devasso ofício
sobe inteira de esperanças e nada de amargo trará;
apenas fumaça e sonhos que a noite do deserto sabe transladar
Sobe a lua, conjuntura escorpião
destilando e repartindo todos os ocultos
com sua luz de água prata
rebatendo-se mártir e sombra oliva
refastelando-se com o nácar bruto das virgens e dos loucos
concedendo nada de brisa
transversa de solitude, magnífica
quase completo fio de espelho transluzindo
e esfregando-se dentro em mármore branco
e a voragem fria do maio,
cada vez mais e mais e mais,
cada vez mais acima da oliveira

23/05/13

Álvaro Nassaralla

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