sábado, 15 de junho de 2013

O outono quem vai dizer


Muitas das melhores mentes do meu tempo
estão vendidas,
e a velocidade dos séculos funciona como
uma combustão incessante.

A verdade é cruel: ela vem como um trem descarrilhado
e quando você achar que o peixe está fisgado,
ele dará rabanadas espetaculares até alçar,
na última hora, sua fuga como rota de liberdade do poema
improvisando e salteando em meio a pântanos de farsas,
enquanto uns poucos dominam e
muitos concedem o melhor de sua alma a servi-los.

A lua nunca vai poder ser sua
nem se você a comprar
mas eu-poesia posso ser da lua.

Quero escrever com o tronco arrancado sem
raízes,
como a madrugada solta no crespo do vento.
Já sinto o outono penetrar em todos os poros
como coragem feita de fúria e medo,
vendo através dos tempos
os versos itinerantes, caravanas, inconformados, rebeldes.

Esse é um tempo de várias formas se tomarem como liberdade,
mas cuidado: são liberdade farsantes, hipócritas.
O sol nascerá apesar de todas essas escapatórias
e o ludibrio será engolido por um firmamento amoroso,
através dos cabelos negros do mês de março em promessa.

Regatos límpidos, como a luz primeira da aurora,
caminham serenos e firmes em direção ao mar
como o dique que aguenta a violência de um mar inteiro 
chegando dos quatro cantos do globo,
como a vitória alcançada em paz
e florida a madrugada clara dos avantes.

Avante!

O outono quem vai dizer das palavras que surgirão na verdadeira liberdade.

Avante!

O outono quem vai dizer.

25/fev/13
A. Nassaralla

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