domingo, 16 de junho de 2013

Lua caravana


A lua bateu a brasa do cigarro
Derrocando o sol
E lambeu-me libélula ditame
Tecendo-se, ela, laranja-prata nu
Crua manha no estertor da hora desce

Vai ela, lua, e seu enxame de estrelas ímãs
Perpetrar o adiante diamante
Caravana que parte em direção
Aos corações trambulhentos

A lua, culpada ela
Retirou-me o que tinha de ingênuo
E me deixou nu, no meio da rua, para o resto da vida
Para o resto da vida, caravana

Vamos nos ater
 Aos incêndios refratando almas almíscar
Às putas revirginizadas, transluzidas
Ao anoitecer deixando de ser máscara
Ao desajustado de mim aparecendo nostálgico nos penhascos
À lua como imperfeita possibilidade de lar

Segue em caravana, culpada ela
E tomo o prata viajandeiro
Os olhos imensos da lembrança
O perfume das pernas lâminas
As vísceras da transgressão silenciosa
O lado oculto bérbere do esperar
Esperar dentro do nada

Sim, passa a lua, passam silhuetas , passam corsários,
Passam irmãos, passam os cães, passa a animália, passa a carga
Passam, passam, passos

Nômade natureza achacada e sem âncoras

A lua, culpada ela
A lua, caravana


Maio/12

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