Redonda quando
pariu-se à leste
Desabrochada
de pétala e pústula em chama
Maruja às
altas marés:
Meu lugar é
onde estou
Quando a
costa toda em prata sorri ultrajada,
Prostrada.
À leste, sangue
verte quando irrompe.
Dá a certeza
da cascata de raios pratas,
vestida de nudez, calçada de liberdade.
vestida de nudez, calçada de liberdade.
Põe os pés
nos beijos irremediáveis com que o silêncio
Sideral esmaga-se
de transparência.
É dama nova
para os homens-multidão,
Açafrão para
os textos corridos na areia,
Vinho branco
para o fogo das ruas erradas,
Amor para o
infiel nos lençóis mais passageiros,
Fagulha para
o compromisso ritmo do suor
Canto para o
jasmim cheiro de madeira e pele ofício:
Conhece os
homens e seus desatinos.
Cheia e
prata para ser quem é,
Leito celeste
dos amores de partida,
Do silêncio
com que as folhas são o coração nesse outono,
Na guerrilha-existência,
No líquido
que se atreve escorrer de nome poesia,
No insulto
que é nosso em manter a claridade em um mundo
Farsante,
Na culpa da
lua, fogo, frio, fugidia,
Primeira à leste,
Ser a cor do
crepúsculo,
Ser o sinal
para a nau perdida nas ondas,
Ser o que
arde, o que constela, o que arrepia
O que
destrona , o que descabela,
O que
conhece o que vai ainda ser conhecido,
O que
irrompe das bestas de carga modernas que nós,
O que
desatraca, o que rebenta paredes, o que goteira
O que
florido para a criança,
O que
propaga e realmente importa,
O que deslumbra-se
orvalhado,
O que
insurge em nossos peitos,
O que
restaura a verdade:
Do que se esquecem os poderosos,
Do que voa
nos vagabundos,
Do que luz
na pracinha deserta-nua,
Do que
consubstanciante dos realmente eleitos de pureza,
Dos que
palavram o palavrão que é ser livre,
Dos que
amedrontam o poder com os olhos faiscantes,
Dos que
promulgam a direção nova dos frutos outoneiros,
Dos que nada
prometem e derrubam reis,
Dos que
navegam águas incendiárias e beijam o estio com a língua das auroras,
Dos que
penetram por entre as rachaduras com o silêncio guerrilheiro,
Dos que
perguntam o que não deveria ser perguntado,
Dos que
semeiam a abóbada da tarde morna com a matéria do brilho e da bromélia,
Dos que
oxidam o que já mais do que oxidado,
Dos que
sapateiam sobre o mar da meia-verdade,
Dos que
golpeiam as raízes e arrancam o prego da exploração,
Dos que
hemisférios da loucura aprontam existência,
Dos que voz
dos excluídos, sem pátria, párias, poetas
Cuspidos na
força do capital, dos rasgados,
Dos com frio
e fome e sem orgulho,
Dos ausentes,
dos feridos, injustiçados, sublevados, abruptos, papoulas,
Perdidos,
Elas que
fazem pista, infâmia
Dos sacudidos
de vazio,
Dos pantanosos
de vida marquise, mendigos ajasminados, Jesus Cristos maltrapilhos,
Dos esquecidos
e desterrados, substratos, beirantes, transgressores,
Germinados,
súbitos, súditos, frutos, sujos,
encarvoados
com perfume longínquo que chega do mar de chuva,
os
desferidos os castigados, os famintos, os de luz, os que odeiam cochichos,
os que se
assumem imperfeitos,
os que ainda
não comeram hoje,
para todos
eles, levante.
Levante.
Culpa da
lua levante,
Levante,
levante lua.
Maio/2013
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