segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Os anéis azuis do pensamento

Belíssimo poema do poeta amigo Edu Planchêz, extraindo a essência da marginalidade artística, por nada dever ao sistema.


O poeta Edu Planchêz no Sarau Corujão da Poesia
Livraria Saraiva -Baixo Leblon - RJ/2015


OS ANÉIS AZUIS DO PENSAMENTO 
Edu Planchêz


A minha sede de Bhuda se casa com a tua fome,
com a caravana encarnada,
mulher que não me ama ( que me ama ),
mãe que me chama,
que não me chama de filho,
xereca que morde,
que não me morde por ( medo ? )
( por amor adicional de artista extremo? )

Um beijo do tamanho do chão nos seios
da apresentadora do jornal da noite,
Artaud e Diego El Khouri vestidos
de porra nenhuma,
eles tramam burlar bolinar...
ver o lago de antigamente
se elevar nas chamas
do templo da fertilidade
de nossa loucura lisérgica

E os olhos da grande caverna,
e os olhos da veia cava,
das teias do feto que se move nos sonhos
da mãe de Apollinare

Nas alturas das esculturas formas tuas, mãe,
fêmea Tarsila, filha minha, filha da forma,
do grude que nos ata um ao outro

Camille Claudel,sempre fui teu namorado,
teu favo de tinta, tua espátula,
os anéis azuis do pensamento



Blog do poeta: Lábios cariocas

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