sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Fênix

Encontrado em: www.masrawysat.com
 

FÊNIX
 

A. Nassaralla (18/set/15)


Se tantas vezes andei com olhos apagados
se tantas vezes dei-me ao desastre iminente,
emerjo fênix soçobrada
fla-fla-fla-flanando em asas
que se arrastam força acima e além dos juízos
trazendo os pedregulhos seccionados e as mortes sujas
nas penas amassadas que embrulham o novo ao velho,
o casto ao devasso.

Retorno em asas sobre arrasadas de libélulas,
à lembrança dos dias que se fizeram doces vapores da alfazema,
e de outros
com perguntas argutas
infestados do que pode estar por trás de tudo
comprometendo os marasmos aos beijos com as embarcações
e passo e prometo e procuro
nada de santo nos afazeres atracados
das semi-adolescentes sarjetas em que agora asas borboletas
anunciam o fim dos estilhaços
soerguendo arduras curadas pelo pó das asas das mariposas:
por isso tenho em mente
o melhor da promessa paga
indignado com o tanto de documentos
com que vamos nos escondendo pela vida.

As asas que se deveriam enferrujadas
apostam agora, eu-mergulhão, com a facilidade de dar o bote rasante
empinar voo e furar novamente o mar como flecha cometa e,
a pender miragens e suspiros das madrugadas voadoras,
ser o novo querelante das misérias tão simples de cooptar
como, exemplo, as migrações dos mendigos no centro de São Paulo,
ou os refugiados de guerra do Oriente Médio e norte da África,
quando na verdade a mídia é arma de atar mãos
e vendar o mundo
restringindo-nos aos nossos cubículos bem decorados
com gessos, algodão e telas céticas
fazendo do armamento
fetiche e endosso dos nossos dias,
das novas nuvens contra o aparado azul,
do lírio que não precisa obedecer a ninguém,
das asas negras transparentes dos besouros
em que obturo as lentes demais, demais lentes.

Aterrizo: ainda estou vivo de novo agora.

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