Por Álvaro Nassaralla
Minha armadura dessangrada de lírios
boia cruel perante céu abusado de carnes:
nasce a meia lua cravando-me o punho no coração
no ritmo das máquinas que empurram a vida
como o amassar de uma manteiga dura
e desaba a metade certeira da verdade
que nada vale aos peixes sob noite limpa:
o riacho cristalino de basalto, de palavras, de pureza
de camadas imantadas,
pousa validade no mar.
Olho o céu como um garimpeiro
coando a via láctea no acento magnésio de estrelas partidas de saudades,
com a febre fria do desenho escorpiano
ou me abro como a cruz do norte
rios, esquadros e riscos que fazem aos olhos andarem pelo céu
e nos pés a areia, em balbucio, finca-se magnetita, quartzo e feldspato
trocando laminações em degradê entre o branco e o preto
o entroncamento de águas desenhando densidades,
na madrugada que estive em ti.
Praia Preta, que assim te batizaram
confesso
que poeta que imã
vítreo e metal
sempre estarei grande e pequeno demais
dentro do sedimento magnético que você me flutuou.
Praia Preta, Ilha Grande
02/02/16
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