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OCASO FRANCO ATIRADOR
Alvaro Nassaralla (14/jul/15)
Joguei ao mar minhas alegorias
e agora parece-me pura fragrância de sorte
que as encontre como peixes devolvidos nas ondas.
Silêncio é o que me caminha
enquanto um vento vazio dobra de estação.
Entra-me amor ao fôlego de guelras guerreiras:
quais dúvidas as que mais respondem o que não queremos?
Aprendi na aventura de uma tarde
que o mais difícil é Deus
ou o mais fácil é Deus.
A velocidade desoladora da noite (restolho do dia)
é do que gosto,
do gosto de estar na vida para não ter nada a perder.
Por isso, ocaso franco atirador dos derrames:
lilases luas cheias vêm para depredar sentidos.
Assim, o dia avilta o morno das calmarias,
o espelho amarelo rosado das lagoas
sob os estilhaços de uma linha de palmeiras
em que me arrependo nada conformado.
Tesouros são seus olhos na luz da tardinha
acartonando o desenho de luz que o sol faz
dos morros em silhueta,
enquanto baba a lagoa ao espelho da calmaria
e a lavanda lanha o que me restou de são
quando diante de ti.
Na dúvida, agrido a essência movediça das palavras,
autuo o céu escarpado,
franco atirador das misérias de cada dia cada um,
e assim por diante
de carne e osso
prevalecem notícias que tendem a mães
e mãos travessas
apagando lutas e caminhos fundos
na alma calcinada,
por ter dos sentidos
a alegria intérprete das nuvens
no crescente
adensamento da pouca luz.
No ocaso franco,
acho as ilusões caminhando em algum lugar
e por serem as primeiras e últimas a partir,
sou-me a sorrir agradecido,
agradecido e criança.
Regra geral, crianças desfazem-se das alegrias
para serem mais.
Pelo menos, tento mais,
refaço-me mais.
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