A. Nassaralla (26/maio/15)
Foto do local de inspiração |
Domingo já se foi, pois que madrugada.
Os guindastes longos, longínquos desde o mirante
estanques gigantes, descansam seus músculos
que nunca parecem cansados,
dependurados no alto.
As estruturas oblíquas da escuridão
descem junto com a hora.
Gruas lubrificadas e balanças aturam,
auferindo sob a tara de toneladas de silêncio e solitude,
a atividade que vem e vai
em que se sustente
o dia de quem trabalha para escoar e estocar
labirintos de memórias de trocas mercantis,
e estórias de luares que a noite desvenda
desde o começo dos tempos,
desde o começo,
viajantes marítimos no desembarque sedento a pouca de mulheres
que servem de corpo em troca do delírio pago.
Daqui, posto a mirar,
sonho o sonho da transparência
através dos espelhos da distância, esguelhas
o noturno de alma lembrando algo que não é dessa vida,
lembrando que os segredos dos mirantes,
estando a sós ou não,
continuam como segredos
e aí está a sorte de se voar os olhos.
Escrito durante o Corujão da Poesia de terça passada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário