sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Vidigal: O livro

O músico Beto Dorneles lançou seu primeiro livro, Vidigal, na Livraria da Travessa/Botafogo, no dia 16 DE AGOSTO DE 2018 pela Ibis Libris Editora. Escrevi a orelha desse livros corajoso e revelador. Veja ela abaixo:





Conheci Beto Dornelles quando ele tocava no bar mais sofisticado do Baixo Leblon, a uma quadra do bar onde Cazuza escreveu algumas de suas mais belas letras. Dali para o Vidigal é um pulo: são localidades vizinhas. Mas o que elas têm em comum para por aí.  

Beto morou no Vidigal por pouco mais de três anos, como um bom andarilho da arte. É justamente por isso que ele pôde, com o olhar de quem é de fora, experienciar até o talo a vida na comunidade carioca do Vidigal. Viveu intensamente o que de melhor ... e pior ... o morro pode oferecer. 

A diferenças entre o Baixo Leblon e o Vidigal são dignas do apelido 'Belindia', mistura de Bélgica e Índia, que o Brasil ganhou nos anos 70. Mesmo que o Vidigal de hoje seja um bairro totalmente asfaltado e com todas as construções em alvenaria, ainda existem resquícios culturais de uma comunidade oprimida e que serviu por décadas para abrigar os trabalhadores que serviam à Zona Sul.

Dornelles, corajosamente, põe o dedo na ferida social, inclusive abrindo-se em confissões pessoais que muitos esconderiam a sete chaves. Não poderia deixar de ser diferente para ele, com sua personalidade apaixonada e contestadora. "Na real", como se fala no Rio, Beto desconstrói mitos sobre as comunidades carentes e mostra como lá existem pessoas talentosas, cultas e antenadíssimas, que lutam para fazer a diferença no sistema constituído de forma a mantê-las condicionadas como serviçais da "Casa Grande" carioca.

Rapidamente, com seu carisma, Beto foi considerado um músico local, a despeito do bairrismo dos moradores que pregam, até com certa agressividade, que quem é de fora não é "cria" do morro. Prova disso é que Beto foi o representante do Vidigal no show "tijolo por tijolo", comemorando 75 anos da comunidade, a convite do compositor (e morador) Sérgio Ricardo. No palco, beto abriu o show para os homenageados Chico Buarque e João Bosco, que se apresentaram juntos.
   
No mais, a vida no Rio segue, com mais pessoas se conhecendo no Baixo, como Cazuza escreveu: Conheci um cara num bar lá do Leblon / Foi se apresentando 'Eu sou o Billy Negão' / A turma da Baixada fala que eu sou durão / Eu só marco touca é com o coração" ...

Alvaro Nassaralla


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