terça-feira, 9 de agosto de 2016

Breve convocação para quebrarmos a matrix



A. Nassaralla (jul/16)

Classe média absoluta
dá-me teu nojo
tua soberba (com fundo falso)
tuas contradições abertas bem embaladinhas
e a novidadeira fútil das suas delícias de butique
tudo dentro do café requentado das ilustríssimas modas


Vá varrer toda a sucata dos dias para baixo do tapete
como varre o restante de hipocrisia
com o qual se reverencia
e perfura seus relógios com distrações de grife,
euforias de estirpe comprada
luxúria de luxo alugado
fazendo de tudo para escapar da referência média
medida social para que a destaque dos habitantes da pobreza


Bichinho de pelúcia
das provas sociais de ascensão.
Sente-se escolhido
dentro de uma ilusão barata e semi-precária,
com suas batalhas que já começam perdidas
em poderes de consumo no crédito oportuno,
rezando terço ou ao relicário para que no fim do mês
os santos o ajudem a saldar despesas contraídas
sempre ao ego concedida
como empréstimo de ostentação
financiada a juros


Classe média absoluta
dá-me o bagaço do que ao rico já entreteve e
agora por pura cópia do que antes não tinha acesso
consome como xepa de shopping ou tour de viagem
um montante de produto e entretenimento alienado
na derradeira tentativa de comprar
a prova social da novidade amarrotada
que você tanto anseia e estima
sem se dar conta de que a mercadoria
com a etiqueta de idiota
é sua próprio CPF, sua própria vida,
sua alma arrendada

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