segunda-feira, 8 de junho de 2015

Bandeira dos degenerados

A. Nassaralla
(03/junho/15)

 
Muitas das prostitutas de rua que conheci 
tinham bom coração e não eram degeneradas. 
Degenerados, sim, os que lhes pagavam o aluguel de cona, carne e músculos.

Muitos soldados foram à guerra porque acreditaram nas mentiras oficiais 
e outros ainda, nem sabiam por que estavam lá. 
Muitos tinham bom coração; 
diferente dos canalhas que insuflaram as guerras em busca de lucro.

Mas não esqueçamos também dos degenerados iluminados, 
Cazuzas, Blues Boys, Gregórios Boca do Inferno, 
Baudelaires, Rimbauds, Kerouacs, Bucetovicks, Bocages
anjos decaídos desembarcando strip teases de família
na luta da lua parida no cais de agora:
malditos que se atreveram a surtar
e intimidar o sistema, 
botar o dedo na cara das leis, 
andar nas margens, 
perder a conta dos entreveros com os mais recatados costumes pequeno burgueses, 
como Gregório de Matos acusando o oportunismo do governador, 
a bem dizer, nas suas palavras, 
de 'come cus de becos', 
na cara lavada, na luz do soneto.

E o que pensar sobre Jesus entre prostitutas, jogadores, escórias, rejeitados e cafetões?

Quem ė santo e quem não ė?

Quem jura em falso e planta o verso azucrinante?

Quem pode alimentar o mundo de mundos regenerados?

Seriam as crianças num mundo livre de famílias - sem pais e mães, 
seriam os poetas autodestrutivos, 
seriam as madames nas butiques, 
seriam os catadores de lixo hospitalar, 
seriam os fascistas, os banqueiros 
ou, ainda, seria você, são, inserido e integrado nessa loucura chamada século 21?

Vamos: Quem se atreve a arriscar?

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